segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

FHC, Reeleição e tucanismo

 Em setembro de 2020, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, demonstrou arrependimento por ter sido favorável à emenda constitucional que permitiu sua reeleição. 

O argumento foi um clássico tucano:

"Eu achava que em quatro anos era impossível fazer alguma coisa, e por isso a reeleição. Hoje ainda acho que quatro anos é pouco e talvez o melhor seja termos um mandato de cinco anos sem reeleição."

Podem rir à vontade.

Então quatro é pouco, mas 1 ano a mais fará uma puta diferença?

É o tucanismo sem tirar nem por.

Já ouvi vários políticos questionarem a reeleição. Não tenho nada contra. É parte do jogo e acho justo que o eleitorado tenha a opção de continuidade.

O problema não é a reeleição, o problema é o presidencialismo de coalizão com um número excessivo de partidos, que não tem exatamente uma missão política nem um compromisso com a sociedade.

 

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Barcelonismo ou bananismo

 Ontem, terça-feira de Champions, fiquei em dúvida entre dois jogos: Barcelona x Juventus, o duelo Messi x Cristiano Ronaldo e a decisão RB Leipzig x Manchester United. Como não gosto do futebol do Manchester sob o comando do Solskjaer (uma aposta do gigante de Manchester), e não tenho confiança no RB Leipzig, que normalmente joga bem, envolve os adversários, não define o jogo e toma o empate ou a derrota, optei por assistir o duelo de gigantes do Camp Nou. 

A Juventus entrou elétrica e marcando forte o Barcelona. Com 20 minutos estava 2x0 e a Juve precisava de um resultado de 3x0 para ser primeira do grupo e ter uma suposta vantagem nas oitavas. O primeiro gol foi resultado de um penalti à brasileira, ou seja, muito discutível. Acontece. O segundo gol nasceu de ótima troca de passes juventina e do vazio defensivo do Barcelona. Enfim, veio o terceiro gol, através de um néo-penalti dos tempos de VAR.

O que chamava a minha atenção era a apatia defensiva do Barcelona. Quando saiu o segundo gol, lembrei do jogo contra o Bayern na temporada anterior. A possibilidade de massacre existia, apesar de algumas tentativas de Messi, que paravam no histórico Buffon.

Passei a refletir como o Barcelona se embananou nas últimas temporadas e se tornou um time cujas vantagens obtidas não significam nada para seus adversários.

Lembremos: na temporada 2017/2018, o Barcelona fez 4x1 em casa contra a Roma, e tomou 3x0 no Estádio Olímpico. Estamos falando da Roma. Na temporada 2018/2019, venceu o Liverpool por 3x0, e perdeu de 4x0 em Anfield. 

Ambos os jogos com uma apatia enorme na defesa e dificuldade monstruosa para criar chances de gol. 

A escolha dos treinadores tem sido polêmicas. Ronald Koeman não tem nenhum trabalho relevante para ser técnico do Barcelona, mesmo tendo sido um jogador histórico do clube catalão. 

Alguns jogadores parecem não mais se adaptar ao futebol que se joga hoje como Busquets, sempre assistindo o adversário, Alba sempre deixando uma avenida às suas costas. Contratações equivocadas como Dembelé, displicente, Griezman e Coutinho, parecem não achar seu lugar no campo, Lenglet está sempre exposto, mesmo o ótimo Ter Stegen tem falhado.  

Parece que o caminho da renovação será longo e é muito provável que a última temporada de Messi no time seja de fracassos.

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Futuro do pretérito

 

Hoje é dia de Champions League e ainda espero postar algo sobre a última rodada da fase de grupos, mas surgiu um assunto que não poderia deixar passar em branco. 

Vi estarrecido uma notícia no site da ESPN Brasil informando que o provável próximo presidente do SPFC já acertou que Muricy Ramalho será o próximo diretor de futebol.

O que Muricy Ramalho tem a acrescentar ao futebol atual? Entendo que nada.

Infelizmente este meu comentário reproduzido nas redes "antissociais" foi motivo de ira de alguns torcedores tricolores.

É tão difícil assim pro torcedor entender tudo que mudou no futebol nos últimos dez anos?

Muricy Ramalho foi um grande técnico de futebol até, digamos, 2010. Por alguns anos, foi o melhor do Brasil. 

O que o habilita a ser diretor de futebol de qualquer clube? Nada.

Acho inadmissível que os torcedores brasileiros ainda vivam de crendices e folclore e não enxerguem toda a racionalidade que existe na administração de um clube de futebol. Contas em dia, planejamento físico, escolha de elenco, ideia de jogo, etc.,etc. O futebol tem inúmeros detalhes que podem definir uma temporada vitoriosa ou não.

Ainda se imagina por aqui (Brasil), que os jogos são resolvidos unicamente pelo talento individual dos jogadores. Basta ter um craque driblador e o time será o melhor do mundo. Pura ilusão. 

Qual jogador do Bayern, Liverpool, Manchester City, Juventus driblou meio time e fez um golaço a la Maradona nos últimos anos. 

O SPFC tem conseguido ótimos resultados no campeonato brasileiro atual depois de errar muito, mas por acreditar em uma ideia de jogo e corrigir determinados detalhes. Tentar recriar um passado glorioso com base em personagens ou personalidades sem nenhuma base racional pode estragar o que está sendo feito e manter a fila por mais tempo.

A cartolagem tricolor não aprenderá nunca?


 

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

O idiota da meritocracia

 São dois tipos:

1. nascido em condições bem mais favoráveis que a média da população, alcança seus objetivos pessoais e profissionais e acha que faz parte da vida que alguns tenham mais oportunidades que outros.

2. nascido em condições mais dificultosas, se esforça, consegue alguma ajuda e alcança seus objetivos pessoais e profissionais e acha que qualquer um pode conseguir se esforçar igual ele.

Será mesmo assim?

Ambos adoram enaltecer os casos de sucesso de pessoas nascidas em condições desfavoráveis, ou seja, os que "vieram de baixo", por assim dizer.

Então, sempre vemos posts "orgásmicos" nas redes sociais reverenciando àquele que superou tantas dificuldades mas conseguiu se formar em "Harvard", estudar na Alemanha, ser diretor de uma multinacional em Tóquio, etc., como se quisessem dizer: "Vejam! É possível sim! Basta se esforçar!"

Só se esquecem de dizer que se trata de uma raríssima exceção à regra. 

Claro que devemos parabenizar àqueles que se esforçam para alcançar seus objetivos. Mas estas exceções deviam servir, também, para dizermos: "Ei! Tem alguma coisa errada aqui! Por que foi tão difícil para ele e não é difícil para outros chegarem onde ele chegou? E os outros que vieram do mesmo lugar que ele? Por que não conseguiram?"

Portanto, sempre que vejo um entusiasta da meritocracia, logo penso: "bullshit".